sexta-feira, 29 de julho de 2011

Anomalia Magnética do Atlântico Sul

Pouco conhecida pelo público em geral e científico, quase nunca abordada em sala de aula, esta anomalia se apresenta sobre o Atlântico Sul e aqueles que são bons de Geografia já perceberam que o país que tem seu litoral inteiramente imerso nesta parte do Atlântico é o Brasil. Causada por uma interação de fatores pode apresentar sérios riscos à toda a região, em especial nosso país, no caso de intensas tempestades geomagnéticas.

O nosso planeta possui uma camada de proteção proporcionada por seu campo magnético, que é gerado em seu interior, chamada de magnetosfera. Felizmente a temos, pois isso nos protege da ação tempestiva do Sol e alinha o ponteiro da bússola. Entretanto, este campo não é uniforme ao redor da Terra, ao contrário, ele apresenta uma espécie de abaulamento, uma região onde ocorre um mergulho dos cinturões de radiação que envolvem o planeta. 
A área em azul corresponde à AMAS
Estes grandes cinturões de radiação, também chamados de cinturões de Van Allen, são formados por partículas de alta energia como elétrons, prótons e íons atômicos, aprisionados pelo campo magnético terrestre. Existe um cinturão interno, formado por vento solar e pela ionosfera, que vai de 400km a 12 mil km acima da superfície, e um externo, formado por partículas energéticas solares e as reações da atmosfera com os raios cósmicos galácticos, que vai de 12 mil até 60 mil km. A Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS) se caracteriza por uma diminuição no campo magnético terrestre, o que acaba aproximando estes cinturões da superfície. 

E daí?, você pergunta. Não existem muitos estudos sobre a influência da AMAS pois ela ainda não foi estudada com profundidade. Supõe-se, no entanto, que esse enfraquecimento do campo numa determinada área do planeta cause uma série de problemas, tanto em equipamentos quando em organismos. O que já se sabe é que satélites e naves espaciais que cruzem esta região em suas rotas normais precisam de blindagem adicional, pois elas correm um risco maior de ter pane elétrica. A Estação Espacial Internacional, por exemplo, não tinha uma blindagem eficiente e foi preciso um reforço na estrutura para que a exposição à radiação da AMAS não causasse danos aos tripulantes.
Se o Sol começar a emitir grandes quantidades de radiação em uma de suas tempestades, esta radiação virá para a Terra e atingirá nossa magnetosfera. Mesmo uma parte dela sendo irradiada, áreas mais frágeis do campo magnético, como nos polos e na AMAS, receberão maiores cargas de radiação. Isso interfere e até interrompe os sinais de satélites de telecomunicações, sinais de TV, de GPS e de internet. Linhas de transmissão de energia, sistemas elétricos de transporte como o metrô, cabos telefônicos mesmo que sejam submarinos, poderão sofrer sobrecarga e panes. Satélites em órbitas baixas (200 a 1000km de altitude) já apresentam danos consideráveis ao passar pela AMAS.

Algumas pesquisas em andamento indicam correlação entre mudanças geomagnéticas em locais onde o campo sofre redução ou perturbação, com:
  • AVCs;
  • ataques cardíacos;
  • diversos tipos de câncer;
  • alucinações e esquizofrenia;
  • mudanças de comportamento de animais migratórios como pombos, baleias, golfinhos e tartarugas;

A AMAS é uma das maneiras mais acessíveis de se estudar estes efeitos nocivos para o caso de uma grande tempestade geomagnética acertar a Terra. O que será de nossa infraestrutura numa situação dessas? A resposta é que ninguém sabe ao certo. Mas como nossa tecnologia ainda é frágil e deficiente, como a escala da Kardashev mostrou, não duvido que os efeitos sejam sentidos por anos. Só reforça o que muitos ainda não perceberam: a fragilidade de nossa civilização.

Fonte:Momentum saga

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